segunda-feira, 16 de maio de 2011

Apenas mais um corpo parado, inerte ao caos.

Cof, cof. E lá vou eu de novo, vomitar meus anseios e frustrações: 


Sou uma contradição, um ser paradoxalmente involuntário. Busco razões inexoráveis que não encontro em mim, procuro, vasculho e dificilmente acho. Entretanto, no alto dos meus vinte anos, me sobram descontentes sonhos e o dissabor de uma vida mediana. Vivo uma vidinha mais ou menos, em um lugar de hipocrisia nauseante. Confesso que precisei de pouco tempo neste mundo pra me ver descontente. Desconfio que na vinda pra cá, perdi alguns pedaços pelo caminho e aqui cheguei assim, quebrada. Inadequada. Porém, ainda me restam os farelos... Eles pairam por aí, predispostos a singeleza. De ilusão em ilusão vou sobrevivendo. Vampirizando alguns, indecifrando outros. Me resta saborear um gole de frustração, mais dois de whiskey... ao poucos o efeito Joplin me toma, sinto um apreço, uma estima passageira. Então me esvaio e enlouqueço.

"... uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, espararei quanto tempo for preciso."
Clarice Lispector.